3º seminário do ciclo DIÁLOGOS sobre Inovação Pedagógica nas Escolas
Tema: Formação de Docentes: 24 de outubro de 2024, das 9h30 às 13 horas
Resumo 3º Seminário do Ciclo DIÁLOGOS sobre Inovação Pedagógica nas Escolas
Tema: Formação de Docentes Data: 24 de outubro de 2024 Organização: Conselho Nacional de Educação (CNE)
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1. Contextualização e Introdução ao Seminário
O seminário inseriu-se no ciclo "Diálogos sobre Inovação Pedagógica nas Escolas," promovido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), com foco na "Formação de Docentes" e teve a colaboração de centros de formação de docentes de todo o país. Este foi o terceiro seminário do ciclo, após uma sessão inicial sobre inovação nas escolas e uma segunda sobre formação inicial de professores.
A sessão de abertura contou com o presidente do CNE, que expressou a importância de fomentar um debate sério e profundo sobre a inovação no sistema educativo, acima das "distrações e da espuma dos dias." Salientou que a formação contínua de docentes deve ser uma prioridade para assegurar que os professores estejam atualizados e preparados para implementar práticas pedagógicas inovadoras e transformadoras nas escolas.
O seminário iniciou-se com a moderação da Dra. Flávia Vieira, que organizou o trabalho da manhã em seis salas paralelas, permitindo que cada grupo de trabalho se focasse em um dos temas prioritários para a inovação educativa. Este modelo permitiu um ambiente de partilha mais próximo e organizado, e visou discutir com profundidade as práticas e políticas da formação contínua e os seus desafios.
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2. Objetivos do Seminário e Estrutura das Discussões
Os objetivos do seminário foram estabelecidos a partir de recomendações anteriores do CNE e de um referencial de inovação pedagógica. Havia dois grandes objetivos:
· Explorar o potencial da formação contínua como alavanca para a transformação educativa;
· Contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que apoiem a ação inovadora dos centros de formação e escolas.
Foi dada grande ênfase à formação de docentes como uma necessidade coletiva que deve ser promovida com envolvimento, compromisso e uma orientação clara para a transformação e a inovação nas práticas educativas. O seminário propôs que esta formação não se limite a responder a requisitos formais de carreira, mas que seja o resultado de diagnósticos bem fundamentados, com base nas necessidades reais dos contextos escolares.
O seminário foi estruturado em grupos de trabalho, cada um focando numa das seis "ambições" propostas pelo referencial do CNE para a formação contínua:
1. Construção de uma visão partilhada da formação para uma educação transformadora.
2. Promoção da mudança educativa pela integração entre teoria e prática.
3. Fomento da investigação-ação e inclusão de práticas democráticas e inclusivas.
4. Estabelecimento de redes colaborativas entre centros de formação e outros parceiros.
5. Investigação sobre práticas e efeitos da formação nos contextos educativos.
6. Avaliação do impacto da formação contínua e sua influência em políticas e práticas de formação.
Cada grupo discutiu uma destas ambições e produziu relatórios intermédios, que servirão de base para o relatório final sobre inovação pedagógica e práticas de formação em Portugal.
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3. Resultados Esperados: Inovação e Desenvolvimento da Formação Docente
Os participantes concordaram que os centros de formação devem desempenhar um papel central na promoção de uma educação mais inclusiva e transformadora, desenvolvendo uma visão partilhada e colaborativa. Tal como em seminários anteriores, defendeu-se que a formação docente deve basear-se num referencial que oriente os centros para que respondam às necessidades da sociedade, ultrapassando a mera satisfação de progressão na carreira.
Como resultado, a formação contínua deve ir ao encontro de práticas educativas centradas em valores democráticos e de inclusão, alinhando-se com os padrões europeus e internacionais. Os participantes reforçaram a importância de que as escolas e centros de formação estabeleçam objetivos comuns, adotando uma perspetiva de educação transformadora, que promova o sucesso de todos os alunos.
Além disso, foi proposto que a formação contínua envolva os professores em práticas de investigação-ação, para que estes possam refletir criticamente sobre o seu trabalho. Isto fomenta o desenvolvimento profissional, preparando-os para contextos escolares complexos e em constante mudança. A investigação-ação permite ainda que os professores se assumam como agentes de mudança, favorecendo práticas pedagógicas inclusivas e ajustadas às realidades dos alunos.
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4. Diagnóstico das Práticas Atuais e Identificação de Boas Práticas
Durante as discussões, foram identificadas várias boas práticas de formação que já estão implementadas em centros e agrupamentos escolares. Estas incluem:
· Questionários de avaliação pós-formação, aplicados para avaliar o impacto da formação nas práticas educativas e medir a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos na sala de aula. Vários centros aplicam este tipo de avaliação entre três a seis meses após a formação, embora se reconheça que nem sempre esta avaliação seja suficiente para medir impactos a longo prazo.
· Diagnóstico de necessidades formativas, realizado em parceria com diretores e conselhos pedagógicos, para assegurar que os planos de formação respondem a necessidades concretas das escolas.
· Envolvimento dos diretores e da equipa pedagógica na definição de prioridades de formação, reforçando a coesão e uma visão estratégica para o desenvolvimento profissional dos docentes.
Contudo, alguns desafios foram apontados, nomeadamente a falta de acompanhamento e supervisão nas salas de aula, onde o impacto da formação poderia ser mais visível. A falta de recursos e a exigência de horários pós-laborais para a formação foram também identificadas como limitações significativas.
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5. Transformações Propostas para Melhorar a Formação e Inovar nas Escolas
Propuseram-se diversas transformações nas práticas e estruturas atuais da formação contínua de docentes, que visam uma formação mais impactante e útil para a prática letiva:
· Criação de redes intercentros de formação, permitindo uma partilha mais ampla de recursos e conhecimentos especializados. Este trabalho colaborativo pode maximizar os recursos humanos e materiais, promovendo uma formação integrada e diversificada, que responda às necessidades das escolas e às exigências da sociedade.
· Maior integração da formação nos horários dos docentes, ao invés de a limitar ao período pós-laboral, evitando o desgaste e promovendo uma participação mais envolvida.
· Incentivo à criação de círculos de estudos e comunidades de prática entre docentes, promovendo a troca de experiências e a reflexão conjunta sobre as práticas educativas. Isto poderia incluir a realização de sessões de formação nas próprias escolas, facilitando o acompanhamento direto do formador e a aplicação prática das aprendizagens.
· Revisão do modelo de financiamento da formação contínua, de modo a que seja possível compensar adequadamente os formadores e motivar os docentes a envolverem-se na formação, mesmo fora das obrigações de progressão de carreira.
Propôs-se ainda a integração da investigação nas escolas, com acompanhamento e análise das práticas pedagógicas, para que a formação responda efetivamente ao contexto escolar e ao desenvolvimento contínuo das metodologias de ensino.
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6. Conclusões e Próximos Passos
O seminário permitiu um espaço de partilha e reflexão sobre as condições atuais da formação contínua em Portugal, com foco na necessidade de inovação e de adaptação das práticas formativas às realidades atuais e futuras da educação. Ficou evidente que a formação de professores deve ser sustentada por um compromisso coletivo e estratégico
de valorização e transformação, não se limitando a responder às necessidades de progressão de carreira.
Espera-se que, com base nas recomendações e reflexões do seminário, o CNE possa apoiar políticas públicas que sustentem uma formação contínua mais integrada, equitativa e significativa. O próximo passo será a elaboração de um relatório final, que sintetizará as conclusões dos três seminários e apresentará recomendações concretas para uma educação transformadora.
Em suma, o seminário concluiu que a formação de docentes em Portugal necessita de uma revisão estratégica e estrutural que a torne um verdadeiro motor de inovação pedagógica. Entre os desafios destacados, estão a criação de uma visão partilhada para a formação, o acompanhamento mais próximo da aplicação prática das aprendizagens e a promoção de redes colaborativas entre os centros de formação, as escolas e outros parceiros educativos.